João Monteiro
Publicada no
Jornal Record
Em 2007 emigrou para a Alemanha, para jogar ao mais
alto nível europeu. Agora, aos 28 anos, prepara se para participar na sua
segunda Olimpíada.
RECORD – O que sentiu quando garantiu a presença nos
Jogos Olímpicos de Londres?
JOÃO MONTEIRO – Senti uma alegria enorme quando
ganhei o último ponto que me deu a qualificação para os Jogos. Foi a
concretização de um objetivo que apontei para esta época, uma vez que é a prova
máxima do desporto mundial e qualquer atleta de alta competição quer estar
presente. Para além disso, depois de seis meses a sofrer com uma lesão na perna
direita que me deitou abaixo, acabei por fazer a minha melhor temporada de
sempre, com a ajuda dos treinadores e colegas de equipa. Só espero conseguir
preparar bem os Jogos Olímpicos para alcançar a melhor classificação possível.
R – Esta é a segunda presença numa Olimpíada. Que
recordações tem de Pequim’2008?
JM – Foi a primeira presença de sempre do ténis de
mesa português nos Jogos Olímpicos, e ter estado presente sendo o primeiro
mesa-tenista nacional a qualificar-se, foi incrível. É uma prova completamente
diferente daquelas em que tinha participado na minha modalidade e foi uma
experiência inesquecível.
R – Pensa melhorar a sua classificação em Londres?
JM – Sou melhor jogador do que há quatro anos e
tenho como objectivo melhorar a classificação obtida em Pequim [n.d.r.: perdeu
na primeira ronda frente ao nigeriano Segun Toriola, por 4-3]. Se estiver bem,
ao nível desta época, estou convicto que irei fazer melhor do que em Pequim.
R – Como vai ser a preparação para os Jogos?
JM – O campeonato alemão terminou no dia 25 de Maio.
Depois, gozei uns dias de férias e, em Junho, inicio a preparação na Academia
Wernersthalager, em Viena, na Áustria. Possivelmente, farei um estágio em
Paris, juntamente com a selecção francesa. No entanto, há ainda a possibilidade
de jogar, em Londres, a prova de equipas. Vamos esperar pelo Tiago Apolónia,
que irá disputar a fase mundial de qualificação olímpica. Era excelente se ele
se apurasse para repetirmos Pequim.
R – A opção em emigrar, jogando em países mais
evoluídos na modalidade, ajudou a sua carreira?
JM – Não só ajudou como foi fundamental para a minha
evolução. De certeza que, se não tivesse emigrado, não teria alcançado nem
metade dos resultados e das conquistas que tenho conseguido desde que abracei a
carreira de mesa-tenista a 100 por cento.
R – Qual foi o momento mais alto da sua carreira?
JM – Tive muitos momentos bons e é difícil destacar
algum. O 3.º lugar no Campeonato da Europa em equipas, em 2011, o 5.º no
Europeu de singulares, em 2008, o 5.º no World Tour Finals, em 2011, fazendo
par com o Tiago Apolónia, a vitória na Taça da Alemanha com o meu clube, o FC
Saarbrucken, e ter sido eleito, este ano, o 2.º melhor jogador da Liga alemã,
algo inédito para um jogador português. Muito mais conquistas tive, mas é
difícil dizer qual a mais marcante, pois cada uma teve um sabor especial e que
me enche de grande satisfação.
R – E o futuro? Pensa continuar no estrangeiro?
JM – O futuro, pelo menos mais próximo, passa pelo
estrangeiro. Infelizmente, no nosso país o ténis de mesa é uma modalidade
amadora e não é possível ter uma carreira profissional, nem existem as
condições necessárias para a evolução dos jogadores com o objetivo de serem os
melhores a nível europeu e mundial.
R – Aos 28 anos e já com cinco temporadas a jogar no
estrangeiro, com passagens por Alemanha e Itália, quando prevê o seu regresso a
Portugal?
JM – É uma boa pergunta à qual a resposta está em
aberto. Depende de quanto tempo irei continuar a jogar ao mais alto nível.
Outra hipótese é aparecer em Portugal um clube que invista forte na modalidade
e tenha um projeto que possibilite as condições necessárias para formar uma
equipa forte e capaz de ombrear com as melhores formações europeias. É muito
difícil que isso venha a acontecer, mas seria muito bom.
QUEM É
Nome: JOÃO Pedro Andrade Selgas MONTEIRO
Nascimento: Guarda, 29/8/1983, 28 anos
Altura e peso: 1,80 m e 72 kg
Clubes: CR Tercena, Sporting, São Roque, TTF
Liebherr Ochsenhausen (Alemanha), Castel Goffredo (Itália) e FC Saarbrucken
(Alemanha)
Ranking mundial: 36.º
Principais resultados: Campeão nacional individual
(de 2002/03 a 2006/07), campeão em equipas (Sporting, 2000/01, 2001/02 e
2002/03; São Roque, 2004/05 e 2005/06; e Castel Goffredo, 2008/09

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